Salmo 55: Confunde os seus Conselhos

Davi estava acostumado a enfrentar adversários e não ficava abalado quando precisava entrar no campo de batalha contra os inimigos de Israel. Quando, porém, seus próprios amigos se viraram contra ele, Davi se sentiu decepcionado e traído. Apelou ao Senhor, pedindo que ele agisse para livrá-lo das armadilhas dos traidores. O Salmo composto nessa circunstância foi encaminhado ao responsável pelos louvores em Israel, permanecendo para a instrução das gerações que viriam depois. Até o próprio cabeçalho desse hino indica seu propósito didático. Então, vamos aprender lições importantes da leitura do Salmo 55.
Embora Davi não tenha identificado a situação específica que o motivou a escrever esse Salmo, alguns aspectos se ajustam bem ao período de conflito com seu filho Absalão. Ele fala de violência, contenda opressão e engano, de traição por um amigo íntimo que era seu igual, e da maneira branda do inimigo falar ao enganar as pessoas.
Os primeiros versos do Salmo contêm o apelo de Davi por livramento da maldade do seu inimigo (versos 1 a 8). Ele fala do seu sofrimento emocional, da dificuldade de dormir e da vontade de fugir para algum lugar deserto e seguro. Muitas vezes, a angústia emocional é pior do que o sofrimento físico de uma ameaça ou conflito. Deus poupou a vida de Davi em vários momentos, mas deixou seu servo passar por angústias e aprender a confiar no Senhor nos tempos difíceis.
Davi logo tornou sua atenção para os malfeitores, pedindo a justiça de Deus contra esses inimigos (verso 9 a 15). Ele pede para Deus frustrar os planos deles, porque incitavam violência, contendas, perversidade e engano na cidade. Da perspectiva desse rei-pastor em Israel, qualquer maldade que prejudicasse a população seria especialmente revoltante. Essa qualidade de Davi o distinguiu do seu predecessor, Saul, um rei que visava seus próprios interesses e não os planos de Deus nem o bem-estar do povo que ele governava. Davi se mostrou capaz de aguentar muita dor na própria vida, mas sofria muito quando o rebanho de Israel passava por tribulações. Ele prefigurou o seu descendente, o Supremo Pastor e Salvador, Jesus Cristo, que negou seus próprios interesses e se sacrificou para o benefício das suas ovelhas.
Davi ficou especialmente angustiado diante da oposição porque seu inimigo era, nas palavras dele, “homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo”(verso 13). Esse comentário reforça a contextualização desse Salmo no período de tentativa de golpe de Absalão. Tanto o próprio filho como vários dos amigos de Davi viraram contra o rei, deixando-o profundamente decepcionado. Ele lembrou do relacionamento que tinham: “Juntos andávamos, juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus” (verso 14).
Davi confiou na salvação divina (versos 16 a 21). Ele continuaria suas súplicas constantes, sabendo que Deus ouviria suas queixas. Mesmo sabendo que os inimigos eram muitos, Davi confiava no poder superior de Deus para lhe dar o livramento. O eterno Deus traria justiça contra os homens que violaram a aliança de paz e usaram palavras suaves para enganar suas vítimas: “A sua boca era mais macia que a manteiga, porém no coração havia guerra; as suas palavras eram mais brandas que o azeite; contudo, eram espadas desembainhadas” (verso 21). 3.000 anos depois de Davi compor esse hino, ainda enfrentamos o mesmo perigo. Paulo avisou os cristãos sobre o perigo de pessoas que “... provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes” dizendo que operam por meio de “suaves palavras e lisonjas”para enganar “o coração dos incautos” (Romanos 16:17-18). Eloquência e simpatia não são provas da honestidade ou confiabilidade de ninguém. Precisamos examinar as palavras para discernir entre ovelhas inocentes e lobos vorazes.
Davi encerra o Salmo com uma conclusão geral para o benefício dos leitores e adoradores que cantariam esse hino. O princípio enunciado é a mensagem da justiça e da misericórdia de Deus: “Confia os teus cuidados ao SENHOR, e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado. Tu, porém, ó Deus, os precipitarás à cova profunda; homens sanguinários e fraudulentos não chegarão à metade dos seus dias; eu, todavia, confiarei em ti” (versos 22 e 23).
Nós, também, podemos e devemos confiar na justiça e na misericórdia do Senhor!

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